EUROPA 4ºs Final 2013/14 1ª Mão

 
AZ Alkmaar 0-1 Benfica - No dia 5 de Outubro de 2013 o Benfica tinha acabado de fazer umas das piores exibições da época, em Paris, frente ao PSG, estava a 5 pontos do Porto e era inconcebível para a maioria dos adeptos imaginar o futuro do Benfica com Jorge Jesus ao leme. Nesta noite de 3 de Abril de 2014, o Benfica está a um passo de se sagrar campeão nacional e conseguiu neste jogo o primeiro triunfo em terras holandesas desde 1969, época em que bateu por 3-1 o Ajax em Amesterdão, nos 4ºs de final da Liga dos Campeões. Não serviu de muito essa vitória já que o Sr Cruyff na Luz tratou de nos arrumar com 3-1, tendo no jogo de desempate depois o Benfica perdido por 3-0 novamente com Cruyff em destaque. Que essa eliminatória de 1969 sirva de lição. Ganhar fora só não chega, há que cumprir e ser responsável também dentro de portas.  
E que bom é ver o grande Benfica europeu de volta. Infelizmente para nós, adeptos benfiquistas, o futebol moderno fez com que os grandes clubes praticamente não possam disputar a Liga dos Campeões e hoje temos que gramar com clubes como o Chelsea, PSG ou Manchester City a passear nos palcos que deveriam ser os do Benfica, Ajax ou Milão. Contentemo-nos com a Liga Europa, façamos a festa europeia na mesma, à Benfica, com alegria e bom apoio como o que se viu ontem na Holanda. Um dia a Liga dos Campeões voltará para os nossos braços e o caneco será levantado novamente. Não como Águas. Águas só há um, o José e mais nenhum
Neste jogo o Benfica entrou estudante e relaxado na cadeira da sala de aula. Estamos na Holanda, terra onde ervas se transformam em fumo que entra pelas narinas e pela boca, embrulhando o cérebro como prenda de Natal. O AZ entrou furioso, com estrica, ecstasy a mil, e mostrou a toda a gente que a eliminatória não é passeio. Eles jogam à bola. Têm o Beerens que é um extremo espectacular e têm o Johansson, ponta de lança irrequieto e que já leva 16 golos no campeonato holandês. O Benfica aguentou a entrada inicial e estudava. A erva, cerebral, começava a ganhar terreno ao ecstasy mais físico. Há uma altura na noite, com o ecstasy, em que a euforia e fibra dão lugar ao amor. Assim foi. O AZ apaixonou-se pelo Benfica e viu-o jogar, embevecido pelos pés de André Gomes. André Gomes é, aliás, a chave para descodificar todo este encontro. Uma primeira parte desastrada: recebia a bola, parava o processo ofensivo da equipa, quando jogava rápido era para devolver a bola e nunca para avançar, as decisões eram desastradas e a pressão inexistente. Uma segunda parte de transformação: com André Almeida combinou bem, decidiu melhor, apareceu mais solto e descomplexado. Acabou por ser um passeio para André Gomes, para o Benfica e, quando o passeio tinha calçada fora do lugar, o Rei Artur tratava de recolocar as peças no lugar. Grande exibição do guardião do Benfica que salvou a equipa um bom punhado de vezes. Quero também enaltecer as exibições de Cardozo e Salvio. Cardozo porque foi melhor, lutou mais e esteve muito perto de um golo que merecia. Salvio porque, apesar de desastrado e inconsequente na maior parte do jogo, com o golo, voltou a sorrir. Quem viu Salvio na flash interview percebeu a importância deste golo. Quem viu Salvio em campo, depois do golo, ajudando com genica Maxi e tentando agitar todo o flanco no ataque, percebeu a importância do golo. A mancha nesta noite é a lesão de Ruben Amorim... Eu já andava a estranhar tantos jogos seguidos sem uma lesão mas, enfim, o rapaz não tem mesmo sorte e partiu outra vez a porcelana. Força, Ruben! Volta rápido.
É uma grande vitória do Benfica. Nada está resolvido... Mas quase.
Nesta noite em Alkmaar lembrei-me do Miguel Garcia, como é óbvio. Fui pesquisar e o rapaz está no Maiorca, na 2ª divisão espanhola, com a sua equipa perto da zona de playoff que poderá levá-los de regresso à Liga BBVA. 

Porto 1-0 Sevilha - Mais uma grande resposta do Porto. Fibra, vontade e concentração. Mais uma vez - e depois do sucedido na meia final da Taça de Portugal -, o Porto volta a ter azar, tendo neste jogo enviado mais duas bolas ao ferro, bolas que seriam suficientes para sentenciar a eliminatória. Bacca, Reyes, Marin e Rakitic foram completamente sufocados pelos tentáculos do polvo Fernando. Foi um Fernando sindicalista, piquete CGTP de gema, a impor a greve a estes 4 meninos do ataque do Sevilha e ainda a mandar o governo do árbitro ir pastar. O megafone de Fernando, no entanto, pode custar caro ao Porto, que vai a Sevilha com um meio campo composto por Defour, Herrera e Carlos Eduardo, sem Jackson na frente, também ele suspenso. Quem também melhorou - pasmem-se! - foi Quaresma. Eu juro que vi, com estes olhos que a terra há de comer, o Quaresma a ajudar o Danilo na defesa. Juro que vi o Quaresma a passar a bola ao Herrera em vez de fuçar 2 defesas e chutar para a bancada! Juro que vi trivelas a funcionar e a caírem redondinhas - ou quase - em colegas de equipa. Um das trivelas deu origem a um golaço! Toda a jogada é bonita, desde a trivela de Quaresma até à cabeçada agressiva de Mangala que agride a bola para dentro da baliza.
O Sevilha jogou muito pouco. Para quem tinha ainda há uma semana visto esta equipa jogar contra o Real Madrid, de certeza não esperaria exibição tão pálida frente ao Porto. No entanto não se deixem enganar por esta exibição. O jogo no Ramon Sanchez Pizjuan vai ser complicadíssimo para o Porto.
Share on Google Plus

About Ai Vale Bujas

This is a short description in the author block about the author. You edit it by entering text in the "Biographical Info" field in the user admin panel.
    Blogger Comment

9 comentários:

  1. Posso estar a dizer uma barbaridade fantástica que daqui a uns tempos tenha que admitir o meu erro. Mas este Carlos Eduardo não é jogador para equipa "grande"!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. fez uma grande época 2012/13 com o Estoril. Este ano é complicado avaliar porque foi uma época com muitos altos e baixos para a equipa. Não sei como seria a evolução dele com mais estabilidade no plantel.
      No início andavam algumas pessoas a dizer que o Carlos Eduardo era o próximo Moutinho. O José Marinho da Sport TV então nem se fala, desfazia-se em elogios (normal, o jovem é da makefoot). Eu acho que nem 8 nem 80. Não será um Moutinho, nem pensar, mas acho-o um bom jogador e acho-o jogador para equipa "grande", assim como também acho o Herrera. Acho que o Porto está até bem servido para o meio-campo, falta-lhes é extremos e defesas.

      Eliminar
    2. Eu sou contra o fato de criar-se uma atmosfera à volta de um jogar após uma boa época.

      Por exemplo: Independentemente das versatilidades NOTÓRIAS do William Carvalho, só após 2 épocas de bom nível e contra equipas de nível competitivo mais elevado (Champions ou Liga Europa) é que considero que um jogador têm estabilidade para gozar de bom nome!
      Caso contrario cria-se facilmente uma atmosfera e depois vamos ver onde estão estrelas de Sub-20 entre outros..


      Pessoalmente, considero mais estável o Evandro e com capacidade de oferecer mais consistencia do que o Carlos Eduardo (inclusive o Josué sofre do mesmo problema! Falta de consistencia!!)

      Concordo com a tua opinião relativamente ao Porto. Meio-Campo com Fernando Defour e Herrera é de muito bom nível!! Viu-se o que aconteceu no dragão contra SLB. Principalment faltam-lhe extremos e um fator muito importante que o Jesus "inventou" este ano no SLB: extremos verticais - Markovic e Gaitan fazem maravilhas a este nível. No FCP com Danilo e Alex Sandro nas alas, tendo nos extremos jogadores como James que atuem em posições mais interiores poderiam trazer soluções. (o quintero poderia ser boa solução caso decida meter cabeça no futebol!)

      Eliminar
  2. Eu não, Walter. Essa atmosfera pode até criar-se após um bom jogo. Um jogador está sujeito a imensos factores durante a sua carreira, se faz uma época em grande (como o William), cabe ao(s) treinador(es) que acompanhar(em) o resto da sua carreira de extrair o melhor dele.

    O Jesus sabe fazer isso como ninguém. O Rodrigo, por exemplo, a recuperação que o Jesus conseguiu depois da grave lesão que teve. Se calhar com um Quique Flores tinha-se perdido durante uns bons anos a carreira de um enorme jogador. Com Jesus foi possível recuperar tantos jogadores.

    Um jogador precisa de sorte. Podes ser muito bom, se tiveres uma lesão ou acidente grave, estás lixado. Tens o exemplo do Lentini que (acho) chegou a ser o jogador mais caro de sempre, depois no Milan, com 20 e poucos anos, teve um acidente e lixou tudo.

    Se fores um enorme jogador mas tiveres um treinador ou dirigentes de merda cais no esquecimento. Dou-te alguns exemplos. Lembra-te de como a carreira do Mantorras foi gerida, o Ednilson (trinco do Benfica com enorme potencial), o Bruno Caires, etc. Eram maus jogadores? Não. Eram todos grandes jogadores. Simplesmente foram mal geridos pelos treinadores e dirigentes.

    Depois há o psicológico. A forma como se gere a mentalidade de um jogador também é muito importante. Muitas vezes, por melhores que sejam os treinadores, não há nada a fazer... Veja-se o caso do Quaresma, por exemplo.

    A evolução dum jogador está dependente da sua inteligência, sua família, sua vida social, seu treinador, seu presidente, sua sorte com lesões. Os clubes conseguem avaliar a técnica e potencial que um jogador tem apenas por um punhado de jogos. Basta ver a forma como o jogador decide um passe, como se posiciona numa transição rápida do adversário ou como gere o esforço físico durante um jogo. As outras questões acabam por ter um peso por vezes até maior do que estas questões técnicas todas e são muito mais dificeis de avaliar por um clube que está a contratar.

    ResponderEliminar
  3. Boas AVB,

    mas no meio disto, concordas com a chamada de Quaresma à selecção nacional? Eu acho uma jogada de valorizaçao de um activo que veio a custo zero (salvo erro, corrige-me) e pode sair (outra vez) com mais um mundial nas pernas por 10M€ talvez.

    Uma achega, no final dos anos 90 e inicio do século o Benfas era mal gerido simplesmente, qualquer jogador ia ser prejudicado mas gostei das referencias ao Caires e ao Ednilson, só nostalgia...mas so dos jogadores ok? :P

    PS: gostei do modo alcinda lameiras no post anterior

    cumps!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ora boas, João!

      Eu acho que levar o Quaresma ao mundial é um risco que não precisamos de correr. Que avançados levar? 4-3-3 é um dado garantido e, com o Postiga sem jogos em 2014, em princípio teremos Hugo Almeida a titular e Nelson Oliveira a suplente. Quem temos para as alas? Cristiano Ronaldo, obvio, e Nani. Alternativas? Varela. Mais? Bebé e Mané. Na minha opinião os avançados deveriam ser: Cristiano Ronaldo, Varela, Nani, Bebé, Carlos Mané, Hugo Almeida, Nelson Oliveira e depois avaliar a disponibilidade física de Postiga ou Eder.
      Quaresma é um risco porquê? Porque não sabemos como é que o seu ego vai reagir ao banco de suplentes. Porque não adianta ter um jogador que não tem a mínima noção de colectivo. Porque não adianta levar um jogador que num lance parvo pode ser expulso e deitar tudo a perder. Porque ele não fez nada no Porto que justifique levá-lo ao Mundial em vez de Bebé (que praticamente salvou sozinho o Paços) e Mané (que é o melhor extremo português a actuar em Portugal).

      Nostalgia... O que me lixa é que eu acreditava piamente que o Benfica ia ser campeão com o George Jardel e com o Anderson Luis

      Eliminar
    2. tb acreditei com o Geraldo e o Rui Baião ...um gajo acredita sempre :P sinceramente levava ate o Alan tem mais fut nos pés q muitos mas ha mais..Danny tb é ainda uma hipótese. epah Varela nao, acho q o cavaleiro consegue ser melhor ou o Caetano ja agora.

      Cumps

      Eliminar
  4. Mas gostaste da exibição do Benfica ontem? O Carlos Daniel tinha vaticinado 80% de hipóteses para o Benfica passar esta eliminatória... Ontem, a meu ver, foi mais um jogo muito equilibrado, sofrido, com o domínio do meio campo a ser dado mais uma vez do adversário, com o Benfica a ter pouquíssimas ocasiões de golo e com os laterais a darem barracadas na defesa. Ao contrário do Porto, acho que andamos claramente em maré de sorte. Repara que o golo nasce de um corte deficiente de um defesa que coloca a bola direitinha para o remate do Cardozo e, quase no fim, o Jóhannsson isolado, dá um pontapé na atmosfera. (11 pé de Barrote europeu?)
    Acho que o Benfica, esta época, tem conseguido resolver muito jogos por detalhes. Em casa com o Guimarães, Markovic desatou o nó de um jogo que estava ser complicadíssimo. Tirou um coelho da cartola e depois disso desapareceu. Tivemos a fase dos centrais goleadores a resolver jogos o que também não é de todo normal.
    Em Braga fizemos um (belo) golo na única jogada decente que conseguimos fazer em todo o encontro.
    Mas também não acho tudo mal. Acho que a nossa defesa tem estado muito bem este ano (tirando o penoso início com os sucessivos golos de bola parada que sofremos) e esse facto tem muita influência nos bons resultados que temos conseguido. Enfim, não sei, se calhar sou só eu que vejo assim. A verdade é que este treinador (lá estou eu a bater no ceguinho), tendo em conta o que se passou nos dois últimos anos, fez-me ser pessimista. Acho, por exemplo, que iremos ter muitas dificuldades em vencer o Rio Ave na 2ª feira e não me espantaria por aí além se acontecesse o mesmo que o jogo com o Estoril do ano passado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tendo em conta que jogámos com o Cardozo, Salvio, André Gomes e André Almeida, pode dizer-se que gostei da exibição a partir dos 20 minutos de jogo. Gostei principalmente de ver melhorias no Cardozo e no Salvio em comparação com os últimos jogos que eles realizaram.

      Quanto à maré de sorte tenho que, em parte, concordar. Mas nem tudo é justificado pela sorte. No ano passado, a jogar um futebol sedutor, tivemos azar. Pura e simplesmente tivemos azar. Acontece também no futebol e foi o que nos aconteceu. Jesus tem todo o mérito de ter conseguido levar a equipa a patamares que eu, com as minhas 3 décadas de existência, nunca tinha visto. Este ano temos sido por vezes bafejados com a sorte que no ano passado não tivemos, mas a sorte sozinha não explica o que de bom nos tem acontecido. O Benfica 2013/14 é um Benfica que aprendeu a defender e controlar o jogo em posse, é um Benfica que aprendeu e melhorou a defesa zonal, é um Benfica que meteu extremos rebeldes e selvagens a jogar com sentido colectivo. Depois, sim, como dizes, as individualidades desbloquearam, a sorte ajudou, mas para vencer foi preciso segurar as coisas lá atrás e lembra-te que o Benfica teve um período incrível de jogos em que praticamente não consentia ocasiões ao adversário. A beleza do futebol não é só atacar, eu cresci a ver futebol italiano e aprendi isto muito cedo na minha vida. Até me espanta ouvir pessoas dizer que a Premier League é a melhor liga do mundo... Se é o melhor espectáculo futebolístico do mundo até posso concordar, mas a melhor liga e o melhor futebol? Não mesmo.

      Concordo contigo com as dificuldades que surgirão no jogo com o Rio Ave, mas o Benfica já jogou o suficiente este ano para eu acreditar que o obstáculo será ultrapassado. VAMOS LÁ DEIXAR ESSE CINZENTO, LOPES. ESSE AVATAR PRECISA DUM VERMELHO BERRANTE! Grande abraço, rumo ao 33º \m/

      Eliminar